Olimpia, 06 de Agosto, 2017 - 23:48
Livre Pensar ou Sete Notas Exemplares
1. Só pra começar, deixa o professor Eugênio Bucci falar: “Os seres humanos vão para lá e para cá, tudo isso é verdade, mas não saem de suas armaduras de paredes espessas (“um muro de ferro que parece se interpor entre o que se sente e o que é possível realizar... (como disse o genial Van Gogh em carta a um irmão há mais de um século), não saem de seus escafandros imaginários, de suas prisões portáteis. Nem mesmo na internet os sujeitos se libertam de suas clausuras ideologicas”.
Creio, professor, que é, justamente na internet, que os “sujeitos” conseguem mais claramente (embora, muitas vezes no anonimato) expor suas clausuras ideologias (ou a “falta total” de ideologia).
Em tempo: Ideologia seria uma forma de prisão? Ou de enganosa libertação?
2. Política: O sr. Michel Temer crê ser o homem (político?) mais habilidoso do planeta. Só se compara (vejam só!) a Lula, no início de seu primeiro mandato.
No caso da possível permissão para que o STF o investigasse por conta da conversinha (“sem mistura de vozes”) com o sr. Joesley Batista, diz, para quem ouvidos tenha, que sua habilidade (?) para convencer (e que “convencimento convincente”) os parlamentares a preservá-lo foi fundamental, Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República, mas foi salvo pelos deputados, os quais o sr. Temer diz ter habilmente convencido a salvá-lo a todo custo...
E Lucio Funaro continua na carceragem da Polícia Federal em Brasília. Fica por lá até 11 de agosto, burilando os anexos da delação premiada que trata com a Procuradoria Geral da República.
Em tempo: Rodrigo Janot está às portas de saída da PGR. Tem político ate pagando promessas, acendendo velas (pela saída do procurador-geral.
3. Vai ou não vai? Que rufem os tambores!!! D. Marina Silva anda (de novo?) numa dúvida cruel. Não sabe se se candidata ou não ao trono do Planalto em 2018. Por enquanto conversa com amigos: Fábio Giambiagi (economista), Neca, Setúbal, herdeira do Itaú, Guilherme Leal, da Natura... D. Marina, como sempre, muito bem acompanhada.
4. Política 2: Ele (de novo): As barganhas passaram de ofertas de cargos e emendas milionárias para o aspecto ambiental. O sr. Michel Temer não mede esforços (sacrificando o país) para não esbarrar de vez com a PGR. A moeda de troca, além das já conhecidas (oferta de cargos e emendas, uma vergonha!) são áreas da Floresta do Jamanxim (pará): diminuair o tamanho da floresta aumentar a área que deverá ser explorada pela agricultura; limitações de áreas indígenas (a medida paralisa quase 750 processos em andamento de demarcação de terras dos primeiros habitantes desse país; anistia a grileiros (segundo ambientalistas).
Pasmem, senhoras e senhores;: na pauta do sr. Temer um projeto para abranger o uso de agrotóxicos (produtos extremamente nocivos ao homem e ao meio). Os ruralistas estão felizes da vida. Negocia uma MP (Medida Provisória) de anistia e negociação de alguns bilhões de dívidas de produtores ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
E tem mais, segundo o Editorial da revista Época, edição 997, 31/7/2017. O que causa maior perplexidade, não fossem as medidas surreais já apontadas, é a proposta que cria a Lei de Licenciamento Ambiental.
Em regime de urgência, a proposta (“o projeto”) já está na Câmara: o texto (original) dispensa (dis-pen-sa, senhoras e senhores!) produtores da agricultura e de pecuária extensiva “de obter licenciamento ambiental antes mesmos de darem início a alguns empreendimentos; o texto, como está libera geral: é a expansão sem critérios éticos, democráticos e de respeito à terra.
O sr. Temer vai ter de encarar mais duas denúncias da PGR. O editorial da Época diz que o sr. Michel poderá usar desses expedientes para se salvar nos próximos embates, “suspendendo até as restrições à exploração do Agronegócio em áreas protegidas.
E tem mais, meus preclaríssimos, eminentíssimos e dignos leitores: terras invadidas até 2011 (antes era até 2007) poderão ser regularizadas na Amazônia Legal.
A medida (inescrupulosa!) deverá paralisar quase 750 processos de demarcação de terras que estavam em andamento no pais. A diferença de 4 anos (2007-2011) é uma eternidade quando se aborda o problema sob esse prima (politiqueiro, feito de barganhas vergonhosas, em detrimento de índios e povos pobres (miseráveis alguns) que vivem nessas terras.
5. Tudo muito bem, tudo muito bom, agora, que o sr. Lima Barreto está alçando ao Olimpio dos bons escritores brasileiros. Além de bom escritor, Lima é considerado o grande cronista do Rio de Janeiro de sua época. Nesse sentido (ser um cronistas de seu tempo), segundo alguns estudiosos de Barreto, (sem falar da construção da psicologia das personagens, “lugar” que tem um dono só: Machado de assis) é tão bom quanto Machado . Vamos botar a moçada para ler Lima Barreto nas salas de aula. O homem é bom no que faz. É um dos nossos grandes escritores.
6. Cópia não Vale, sr. Dória! Agora foi a vez do afilhado político do sr. Geraldo Alckmin usar a mesma frase usada por FHC para pedir que Temer deixasse a Presidência da República. Doria pediu (sugeriu é melhor) a Aécio Neves que tenha um gesto de grandeza (esse chavão é manjadíssimo) e deixe a presidência do tucanato, hoje, presidido, interinamente, pelo senador Tasso Jereissati.
Aliás, quando é que Doria vai mesmo começar a governar para o povo? Para a mídia ele já o faz há alguns meses.
7. De muros e de muros! O professor da ECA (Escola de Arte Dramática) USP e também jornalista Eugênio Bucci (comecei a coluna com ele) fala do muro de Berlin, o muro do México das cercas eletrificadas dos condomínios fechados (enclausurados, na verdade) das catracas com seguranças armados prontos para defende-las (“vigiá-las) e do muro, o maior deles, o da desigualdade social. E cita o folclórico muro do PSDB que abriga tucanos de toda a espécie, alias, é onde eles moram, em seus ninhos muito bem guardados.
Desiludido com os muros erguidos mais recentemente por conta da idiota polarização política (“que produz rupturas ao retalhar os afetos, isolam as pessoas em turminhas cada vez menores – em “igrejinha enfezadas”, sedentas de sangue infiel. Bucci chama esses muros de invisíveis, assentados na intolerância opaca” e o que é que tais muros andam causando: segugam amigos, cindem famílias, desmancham amores e derretem casamentos. Enfim, digo eu, separam de forma intolerante as pessoas.
Cumpadres
Bom-dia, meus amados. Dia 21/8, ás 20 horas, abertura da mostra fotográfica “As Flores do Jardim de Minha Casa”, no hall da Casa de Cultura. Espero todos vocês lá. Dia 21 de agosto do ano da graça de 2017, às 20h, no hall da Casa de Cultura. As fotos estão estupendas.
Cortina
Não podemos desistir do Brasil, mas podemos e devemos desistir dos políticos desonestos, oportunistas e corruptos. Em 2018 há eleições, não se esqueçam senhores políticos brasileiros...
Ivo de Souza é professor universitário, poeta, colunista, pintor e membro da Real Academia de Letras de Porto Alegre.
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